domingo, 25 de maio de 2014

Repercussões sobre Neusinha Brizola


Capa de 'Neusinha Brizola sem mintchura'.
de Rodrigo Manhães.

É uma satisfação compartilhar estes momentos. 

Em meio às contínuas e badaladas matérias que estão surgindo sobre 'Neusinha Brizola sem mincthura' nos jornais, nas colunas da Hildegard Angel e nas declarações de Glória Perez no twitter.

(Clique aqui para ler a crítica de Sílvio Barsetti no Estadão) 

 Biografia da polêmica Neusinha Brizola é lançada no Rio


As "perdas internacionais" e o embate permanente com as organizações Globo talvez não estivessem no topo da lista de preocupações de Leonel Brizola (1922 - 2004) ao longo de boa parte de sua vida pública. O ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro - em dois mandatos -, convivia diariamente com uma adversidade caseira, sobre a qual não exercia nenhum controle. Chamava-se Neusinha Brizola, sua filha, famosa por escândalos, quase todos relacionados ao consumo de drogas.
"Minha vontade é sentar o relho no teu lombo", disse uma vez o então candidato à Presidência da República pelo PDT para a filha. Isso porque Neusinha escondeu um tablete com um quilo de heroína debaixo de um assento do carro utilizado pelo pai durante a campanha. Por vários dias, Brizola circulou pelo Rio com a droga alojada no veículo. Seu motorista se surpreendeu ao descobri-la e, nervoso, fez o relato ao patrão.
Brizola se enfureceu e desferiu um 'não rotundo' à Neusinha. "Que porcaria é aquela que o chofer encontrou debaixo do meu banco? Então você me faz andar pra cima e pra baixo, durante quase um mês, com a bunda em cima de um quilo de droga?" O sermão continuou e, por fim, ele expulsou a filha de casa. "Minha vontade é de te cagar a laço, tchê." Neusinha foi morar em Amsterdã.
Essa história está relatada na biografia 'Neusinha Brizola Sem Mintchura' (Editora Interface Olympus), que vai ser lançada nesta quinta-feira, 20, no Rio (Fnac, no Barra Shopping). Os autores, Fabio Fabricio Fabretti e Lucas Nobre, gravaram mais de 20 horas de entrevista com a personagem, que morreu em 2011, aos 56 anos, vítima de complicações provocadas por uma hepatite. A narrativa, na primeira pessoa, reúne intimidades da família Brizola e mergulha no submundo vivido por Neusinha, presa diversas vezes por porte de drogas.
A dor de cabeça de Brizola com as estripulias da filha o levou a demitir o secretário estadual de Transporte, José Colagrossi, em 1983, por causa de uma festa gótica organizada por Neusinha, com direito a fantasia de Cleópatra, num prédio que pertencia à secretaria. Brizola governava o Rio pela primeira vez e ficou contrariado com a repercussão e os detalhes do evento. Numa área pública, instrumentos de tortura eram oferecidos aos convidados, todos com roupas pretas e servidos por garçons encapuzados à Ku Klux Klan.
Ao saber da decisão do pai, Neusinha foi a seu gabinete tentar interceder a favor de Colagrossi. "Pai, o que você está fazendo não é certo." Ouviu nova reprimenda. "Certo foi o que você e ele não fizeram. Isso é insustentável. Aquele prédio pertence ao Estado, não é uma casa de festas."
A relação tempestuosa entre os dois durou décadas e criou outras situações de embaraço para Brizola. O terceiro colocado na corrida presidencial de 1989, com mais de 11 milhões de votos, chegou a dizer que sua tolerância com Neusinha havia se esgotado para sempre. Anos mais tarde, já no leito de um hospital, em 2004, o político e a cantora, autora do hit Mintchura, ensaiaram uma aproximação. Ela se dizia arrependida por ter deixado o pai em apuros um sem-número de vezes. Flexível, ele aceitou o seu beijo.
(Texto de Sílvio Barsetti para o Estadão)aterial jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,biografia-da-polemica-neusinha-brizola-e-lancada-no-rio,1142701O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,biografia-da-polemica-neusinha-brizola-e-lancada-no-rio,1142701
Figura presente na biografia, amigo de Neusinha e alvo de seus fetiches sexuais, Nelson Motta também está citado lá, assim como sua irmã, Graça Motta, que produziu os primeiros shows da roqueira no cenário carioca, antes de Paulo Coelho se tornar o seu produtor oficial. E tal foi a nossa surpresa ao lermos no jornal O Globo e assistirmos no telejornal da emissora as crônicas de Nelsinho Motta sobre o livro.


/ Foto de Érica Saraiva /

(Assista aqui a matéria do Jornal da Globo na íntegra)

Só tenho a agradecer a todos pelo carinho e reconhecimento. São coisas que não têm preço e que fazem tudo valer a pena. 

Reproduzo abaixo a feliz crítica escrita de Nelsinho Motta no jornal impresso O Globo.



Crítica de Nelson Motta em 16/05/2014.
/  Foto de Matheus Gonçalves /

Uma garota do barulho

          Louca por sexo e drogas, Neusinha era puro rock and roll


Filha de uma bela e rica dama da elite gaúcha e de um popular e carismático líder socialista, foi criada como uma princesa, e, além de uma graça de garota, era muito inteligente e meio doidinha, e divertidíssima. Neusinha Brizola entrou em cena em 1982, quando seu pai Leonel foi eleito governador do Rio de Janeiro, e se tornou uma estrela fugaz do Rock Brasil com o seu hit “Mintchura”, marqueteada por Paulo Coelho, antes de se tornar escritor de sucesso.

Como Paulo escreveria anos depois, o universo conspirava a favor de Neusinha e de sua lenda pessoal. Não que fosse uma grande cantora, mas cantava o suficiente para começar uma boa carreira de roqueira com atitude anárquica e humor debochado, que fazia enorme sucesso nos programas populares de televisão, nas suas entrevistas bombásticas e nos escândalos que protagonizava. Louca por sexo e drogas, Neusinha era puro rock and roll. Tinha tudo para ser o que quisesse.

De princesinha à exilada política, drogada desde os 13 anos, mãe aos 21, amiga de Cazuza e Andy Warhol, amante de mafiosos e traficantes, junkie de heroína em Amsterdã, Neusinha viveu uma vida vertiginosa, entre o poder e a marginalidade, prisões e fugas, escândalos e brigas com o pai, e pagou caro, com muito sofrimento e humilhação no inferno das drogas. Mas voltou das trevas como uma avó querida e careta, sem deixar de ser doidona, e sem nunca perder o humor, nos 56 anos que viveu. E como viveu!

Debilitada por seus excessos e pela hepatite C, e sentindo que o fim se aproximava, Neusinha chamou Fábio Fabricio Fabretti e Lucas Nobre para contar tudo em uma biografia onde não esconde nada e se mostra uma personagem fascinante, inteligente e hilariante, mas também trágica e patética, devassa e destrutiva, narrado na primeira pessoa sem vergonha e sem piedade, num testemunho dramático, e cômico, do poder devastador das drogas.

Com uma protagonista que supera qualquer ficção, em momentos e cenários históricos, com personagens importantes da política e da música brasileira nos anos 80, entre gargalhadas e lágrimas, “Neusinha Brizola sem mintchura” é sensacional.

(Texto de Nelson Motta - O Globo)

Agora recebemos a elogiosa crítica de Ruy Castro, na Folha de São Paulo. E nem sabemos o que dizer, apenas sentir, por se tratar de um dos autores mais bem conceituados em questão de biografia no Brasil.


Crítica de Ruy Castro sobre 'Neusinha Brizola sem mintchura',
na Folha de São Paulo de ''/06/2014.
Foto de Lucas Nobre.

Reflexões de Neusinha


Neusinha Brizola não escolhia droga. Se fosse para beber, fumar, cheirar, ingerir, mascar ou injetar, podiam contar com ela. Sabia também refinar, esconder, transportar e vender. Às vezes ia presa ou sofria um acidente brabo, mas nada a detinha. Seu pai, o governador Leonel Brizola, nunca soube que ela namorou o bandido Escadinha dentro do presídio na Ilha Grande.
Parece “Mintchura” — título de seu enorme sucesso em disco, em 1983–, mas, com tudo isso, Neusinha ainda conseguiu chegar aos 56 anos, em 2011. E deixou um longo depoimento que Lucas Nobre e Fábio Fabretti transformaram no livro “Sem Mintchura”, recém-lançado. Nele, Neusinha não se condena nem se absolve. Apenas conta sua impressionante história. A qual está cheia de reflexões como as que se seguem:
“Para preencher o vazio existencial, o estômago é um dos melhores caminhos”. “Arroz integral? Só se for com uma picanha sanguinolenta”. “Um dia acendo minha estrela. Só preciso achar o pavio”. “Nunca tive joias. Odeio objetos que possam valer mais que seus próprios donos”. “Uma pena que o mundo deixou de ser ideológico e se tornou estético”.
[Sobre Brizola]: “Eu levei a fama, mas ele era o artista da família”. [Na morte dele]: “Lutou com a força dos espinhos, sem perder a delicadeza das pétalas”. [No velório, quando um repórter perguntou se podia dar uma declaração]: “Posso. Fodam-se”. [Sobre o poeta Drummond]: “Eu tinha o hábito de segui-lo discretamente, como quem colhia as palavras semeadas por seus passos no calçadão”.
[Sugestão para seu próprio epitáfio]: “Do pó ao pó, pelo pó”. [Justificando suas tatuagens]: “Era para esconder a marca das seringas”. [Seu balanço final]: “Desde que aprendi que a droga é uma declaração de desamor consigo mesmo, forcei-me a parar diante do espelho e declarar-me amor todos os dias”.
(Texto de Ruy Castro - Folha de São Paulo)
E que venham mais e mais boas repercussões, com críticas, fotos de queridos e importantes amigos e convites para divulgarmos o livro!




Jô Soares lendo 'Neusinha Brizola sem mintchura'.