Enquanto o novo Papa
reformula os conceitos católicos, temos que aturar algumas igrejas que surgem e crescem desenfreadamente, chefiadas e lotadas por seres que são tudo, menos religiosos, misturando Deus com política e usando seus dogmas como ferramentas para promoverem a ostentação, a riqueza, o poder, a ganância, a maldade e a intolerância, ferindo os nossos princípios, valores e
éticas de cidadãos.
Mas para os pastores Marcos Gladstone e Fábio Inácio, que divulgam sua moderna
doutrina às pessoas em geral, em destaque para a comunidade homossexual, amar é
algo concebível a qualquer um, como diz os versículos de Coríntios, 13:4-7: “O
amor é benigno” e “não suspeita mal”.
Foi a partir desses e outros versos da sagrada escritura que o então jovem advogado, Marcos Gladstone, estudou Teologia e iniciou seu revolucionário trabalho de doutrina, após ter vivido um certo tempo no terreno americano, regressado ao
Brasil e aberto um templo vinculado a Metropolitan Community Churches (Igreja
da Comunidade Metropolitana), que prestava serviço social e ecumênico aos homossexuais.
Dois anos depois conheceu Fábio Inácio, que era supervisor de
atendimento bancário e estudava Comunicação Social. Ambos vinham de retrógadas
formações evangélicas. E aquela união resultou na criação da Igreja
Contemporânea, no qual todos são aceitos indiscriminadamente.
A princípio alugaram uma pequena cobertura em um prédio comercial, no
centro do Rio, onde surgiram os primeiros adeptos. Logo o culto se mudou para o
térreo inteiro e maior da mesma construção. E outras filiais começaram a inaugurar
na cidade e no país, através de um crescente público, entre assíduos e visitantes,
novos ou periódicos, constituídos pelos mais variados níveis, idades e
educação, entre famílias, solteiros e casais do sexo oposto ou igual.
Lá, “os contemporâneos”, como são chamados, louvam a Deus, unidos pela
igualdade e crença. E a cada ano celebraram sua existência, realizando um
grande ritual no Teatro Serrador, que comporta cerca de quinhentos fiéis.
“Após conhecer o Pastor Marcos compreendi o significado do livre acesso
para adorar a Deus como realmente sou”, declarou o Pastor Fábio. “Fui criado no
evangelho desde criança. Formei-me pastor em outra congregação e tive até
noiva. Hoje, posso ser eu mesmo e realizar o meu trabalho de amor e fé, com
consciência e verdade. Por muitos séculos vivemos na cegueira espiritual, na
direção do medo, tapados pela mordaça da culpa e engessados por preconceitos
religiosos”.
“Desde os tempos mais remotos, vemos cada vez mais certos desvios
doutrinários, apreciados por líderes religiosos mal-intencionados, apropriando-se
de inverdades e se esforçando arduamente para exercitá-los”, confirmou o Pastor
Marcos, que também havia sido noivo. Ele assegura que é possível um homossexual
conhecer e viver as verdades divinas: “Toda inverdade deixa um rastro que, cedo
ou tarde, alguém percebe, sinalizando brechas. A maquiagem escorre, cai por
terra o reboco mal feito e então visualizamos o que realmente estava por trás
daquela capa”.
Para eles, que se empenham contra qualquer forma de preconceito, principalmente
o sexual, o fato está se rompendo com o feliz número de devotos que cresce a
cada dia. “A homofobia religiosa”, contestam, “provém da errônea tradução e
distorção das palavras de Deus”.
Além de prestar assistência humanitária e religiosa, a igreja possui uma
intensa agenda de atividades voltada para a formação e informação espirituais; programação
cultural dos ministérios de música, coral, dança e teatro; encontros temáticos para
solteiros e casais; passeios; retiros e outros.
“Uma nova comunhão que já é comum há muito tempo nos Estados Unidos
e na Europa. Somos muito atrasados aqui no Brasil, mas isso está finalmente
mudando”, desabafa um dos frequentadores, que também pertence ao meio
artístico. “Aqui na Igreja Contemporânea eu me sinto inserido no mundo. Ganho
novamente credibilidade no ser humano e saio com esperança de uma vida melhor.
É tão bom participar de algo que não esteja voltado às fúteis e arrogantes
estéticas capitalistas e físicas que predominam no meio gay”, confessa outro
membro.
De acordo com eles, por muitos anos os homossexuais foram
marginalizados por suas diferentes “condições” sexuais, que não são “opções”,
como muitos rotulam e confundem. “É notório no decorrer da história a
quantidade de atrocidades cometidas devido à intolerância dos homens”.
Como concretização de sua carreira e liderança, o Pastor
Marcos Gladstone também lançou “A bíblia sem preconceitos”, amparando-se a explicar
e tecer outros olhares a respeito da bíblia, desmitificando seus julgamentos
equivocados, opressores e arcaicos. “A bíblia foi muito usada para a exclusão através
da catequização manipuladora”, escreve o autor. “Imagine hoje alguém ser
afastado de Deus, por exemplo, porque nasceu negro. Outra vítima do preconceito
religioso foram as mulheres. Então por que privar homossexuais do livre acesso
ao Reino de Deus?”
Dentro dos onze capítulos muito bem distribuídos, com apresentação do
Pastor Fábio e introdução do próprio autor, o livreto tem uma linguagem
acessível e ao mesmo instante formal, que sugere uma leitura atenciosa e um preço acessível.
Aborda os principais temas do polêmico universo religioso homossexual respaldando-se em análises bem fundadas, exemplificados com situações e mensagens de outros interlocutores. E rapidamente atingiu uma espantosa venda e repercussão, aproximando os que procuram um abrigo espiritual sem as antigas amarras discriminatórias, atraindo os curiosos e estudiosos sobre o assunto, e incomodando os que detêm a ignorância em prol de seus interesses e poderes.
Aborda os principais temas do polêmico universo religioso homossexual respaldando-se em análises bem fundadas, exemplificados com situações e mensagens de outros interlocutores. E rapidamente atingiu uma espantosa venda e repercussão, aproximando os que procuram um abrigo espiritual sem as antigas amarras discriminatórias, atraindo os curiosos e estudiosos sobre o assunto, e incomodando os que detêm a ignorância em prol de seus interesses e poderes.
“Não estamos falando de heterossexuais que fazem sexo homossexual para
quebrar a rotina, mas de dados pessoais da conduta e relação gays, com liberdade
para amar, que é o contrário da libertinagem”, explica Marcos, que cita as más
traduções bíblicas, inovando o seu ministério profético. “Texto sem contexto é pretexto”.
E parabéns aos corajosos rapazes que estremecem os alicerces contemporâneos, ensinando com sabedoria, paz e amor, para uma humanidade tão torpe e carente, o que é diversidade, respeito e cidadania.